Tem data e local certos a chegada da imigração japonesa ao Brasil. Foi a bordo do vapor Kasato- Maru que aportou em Santos a primeira leva organizada de trabalhadores vindo do Japão no dia 18 de julho de 1908.
Com uma cultura rica e bem particular, eles saíram de seu pequeno país em busca de trabalho neste Brasil imenso. Assim como para eles foi uma descoberta enigmática, o mesmo aconteceu com os brasileiros que os recebiam: para estes, abria-se uma era de contato com uma civilização que em um século de presença, mostraria ter muito a ensinar. Apesar de todas as dificuldades iniciais, pois as condições que viriam a encontrar nas fazendas de café no interior de São Paulo, em nada contribuíam para a realização de seus sonhos de melhorar o padrão de vida, em nada pareciam com o que lhes haviam prometido.
Uma das grandes dificuldades era a adaptação ao alimentos disponíveis naquela época em nosso país. Havia o arroz, mas do tipo diferente do japonês, era difícil de ser preparado no ponto e sabores desejados, os peixes eram raros assim como as verduras e legumes que não eram comuns na alimentação local. Sem falar que os pratos brasileiros, sempre com muita gordura (de porco, pois não havia geladeira na época e as carnes eram conservadas na banha), eram muito pesados para os hábitos japoneses. As provisões que recebiam nas fazendas eram um mistério: farinhas de mandioca e milho, o feijão era conhecido, mas para preparar como doce. O charque não apetecia, pois parecia cheirar mal, o bacalhau seco, desconhecido, era inicialmente preparado sem ser demolhado e ficava salgado. A saudade do chá, inexistente nas fazendas. Os brasileiros por outro lado, achavam estranho que os japoneses insistissem em comer cruas as verduras que conseguiam encontrar ou cultivar.
Com o passar do tempo, quando se libertaram do trabalho nas fazendas, começaram a se dedicar ao aperfeiçoamento das culturas agrícolas mais familiares, além de enriquecer a variedade e quantidade dos produtos hortifritigranjeiros que abastecem a nossa mesa em todo o país. E continuam até hoje sempre se atualizando em sua produção e agora temos os ingredientes japoneses para enriquecer ainda mais a nossa culinária.
A especialidade dos japoneses no cultivo da terra conseguiu enriquecer as nossas mesas. Logo surgiram as quitandas, hoje tão tradicionais em nosso país
O prato que escolhi para participar deste evento, é a deliciosa sopinha de missô-shiru preparada à base de dashi (caldo) e missô (pasta preparada à base de soja fermentada) , que geralmente acompanha as refeiçoes japonesas que incluem cinco pratos: uma sopa, um cozido, um grelhado. guranições de legumes e arroz. A bebida principal é o chá, e a bebida alcoólica é o saquê (fermentado de arroz). No almoço, a refeição é simplificada: arroz, ovo cru, algas, conserva e sopa de missô. Bem tudo isso agora é bem relativo, pois os descendentes já comem de tudo de nossa culinária misturada com a deles.
Ingredientes:
- 4 xícaras de chá de água
- 1 envelope de "hondashi" (tempero a base de peixe Bonito que confere um suave sabor de peixe)
- 3 colheres (sopa) de missô
- 3 colheres (sopa) de cebolinha verde picada
Modo de Preparo
Em uma panela média, leve ao fogo a água para aquecer, quando abrir fervura, junte o "hondashi" e misture. Em uma tigela pequena (eu uso uma concha grande) separe um pouco do caldo e dissolva o missô, adicionando novamente ao caldo da panela. Desligue o fogo, pois não é bom ferver o missô. Acrescente a cebolinha picada e sirva em cumbuquinhas. Tome a sopa na cumbuca, sem colher.
Você pode servir o missô com a cebolinha, salsinha, alga "nori" picadinha, e tofu (queijo de soja) cortado em cubos dispostos em travessinhas separadas. As pessoas adicionam o que quiserem na hora de tomar a sopa. Outras guarnições podem ser servidas nesta sopa como "daikon" (nabo), vagens, ovo, frutos do mar, etc.
Para participar das comemorações dos 100 anos da Imigração Japonesa ao Brasil, visite o blog da nossa querida Akemi, Pecado da Gula e contribua com a sua receita!